sexta-feira, 1 de junho de 2012

Reflexão Final




É com alguma tristeza e já com saudades que anuncio o término do meu último estágio do Curso de Saúde Ambiental na empresa M.H.T. Este estágio teve duração de aproximadamente 3 meses e incidiu essencialmente em higiene e segurança no trabalho e segurança alimentar. As novas experiências adquiridas serviram para alargar os meus horizontes e consolidar muitos conhecimentos adquiridos ao longo destes quatro anos. Neste estágio pude colocá-los muitas vezes em prática quando fazia as visitas e elaborava os relatórios das mesmas. A experiência do estágio na M.H.T. não correu totalmente como tinha perspetivado, uma vez que, existiram alguns tempos mortos. Gostaria também de ter aproveitado outro tipo de experiências que a empresa tinha mas que não aconteceram durante o meu estágio, tal como, avaliação de ruído, avaliação de ambiente térmico e formações, no entanto, tudo o que fiz gostei muito e achei muito importante.
Das atividades que realizei as que mais me deram gosto realizar foram as visitas, tanto em Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho como em Segurança alimentar, também gostei de fazer as colheitas de alimentos e esfregaços e os testes de luminosidade.
Quero aproveitar para agradecer, desde já, ao Engº Nunes da Silva e ao Srº Jorge Silva por me terem recebido nas suas instalações mas, especialmente, às minhas colegas Madalena Crespo e Iolanda Sousa por todos os momentos que passámos juntas e pelo apoio e aprendizagem que me deram. Foi com elas que aprendi e coloquei em prática tudo o que recebi deste estágio, no que diz respeito à segurança, higiene e saúde no trabalho. Quero agradecer também à Engº Mafalda Forjó por tudo o que me ensinou e ajudou na área de segurança alimentar. Por fim, mas não menos importante à Professora e Orientadora de estágio Cidália Guia pela compreensão e ajuda ao longo destes meses de estágio.
Visto que este é o meu último ano e vai ser a minha última publicação enquanto aluna do II Curso de Saúde Ambiental, quero agradecer a todos os meus colegas e amigos pelos momentos que me proporcionaram e pela ajuda que me deram nesta longa caminhada por Beja, a cidade que me acolheu durante 3 anos de vida académica, em que vão ficar apenas todos os momentos bons e únicos que vivemos juntos. Agradeço a todos os professores que lecionaram cadeiras no nosso curso mas em especial ao Professor Rogério Nunes, Professor Albino,  Professor António Branco, Professora Raquel e Professora Cidália por todo o apoio e por tudo o que fizeram por nós nestes anos.

Obrigada a todos nunca me esquecerei de ninguém!

É fazendo que se aprende a fazer aquilo que se deve aprender a fazer.”
Aristóteles

Confoto Térmico



"A zona de conforto representa aquele ponto no qual a pessoa necessita de consumir a menor quantidade de energia para se adaptar ao ambiente circunstante". (Olygay, 1973)

O ambiente térmico pode ser definido como o conjunto das variáveis térmicas do posto de trabalho que influenciam o organismo do trabalhador, sendo assim um fator importante que intervém, de forma direta ou indireta na saúde e bem-estar do mesmo e na realização das tarefas que lhe estão atribuídas.

O homem é um animal homeotérmico, de sangue quente que, para sobreviver, necessita de manter a temperatura interna do corpo (cérebro, coração e órgãos do abdómen) dentro de limites muito estreitos, a uma temperatura constante de 37 ºC, obrigando a uma procura constante de equilíbrio térmico entre o homem e o meio envolvente que tem influencia nessa temperatura interna, podendo um pequeno desvio em relação a este valor indiciar a morte.

Quando existe a perceção psicológica desse equilíbrio, pode falar-se de conforto térmico, que é definido pela ISO 7730 como:

“Um estado de espírito que expressa satisfação com o ambiente que envolve uma pessoa (nem quente nem frio).”

É portanto, uma sensação subjetiva que depende de aspetos biológicos, físicos e emocionais dos ocupantes, não sendo desta forma, possível satisfazer a todos os indivíduos que ocupam um recinto, com uma determinada condição térmica. Um ambiente neutro ou confortável é um ambiente que permite que a produção de calor metabólico se equilibre, com as trocas de calor (perdas e/ou ganhos) provenientes do ar à volta do trabalhador.
Fora desta situação de equilíbrio, podem existir situações adversas em que a troca de energia calorífica constitui um risco para a saúde da pessoa, pois mesmo tendo em conta os mecanismos de termorregulação do organismo, não conseguem manter a temperatura interna constante e adequada.
Nestas situações pode-se falar de stress térmico, por calor ou frio.

Formas de transferência de calor entre homem e meio ambiente

Quando dois corpos estão na presença um do outro a temperaturas diferentes há transferência de calor do corpo mais quente para o corpo mais frio até se estabelecer a igualdade de temperaturas.

Esta transferência pode dar-se através de um ou mais dos seguintes modos:

Condução
Quando a transferência de calor se realiza através de sólidos ou líquidos que não estão em movimento (e.g. contacto entre um corpo quente e um frio).

Convecção
Quando a transferência de calor se realiza através dos fluidos em movimento, e por isso só tem lugar nos líquidos e nos gases (e.g. o movimento do ar).

Radiação
Todas as substâncias radiam energia térmica sob a forma de ondas eletromagnéticas. Quando esta radiação incide sobre outro corpo, pode ser parcialmente refletida, transmitida ou absorvida. Apenas a fração que é absorvida surge como calor no corpo.

Evaporação
Uma via de grande importância em fisiologia é a evaporação, que constitui uma perda de calor. Esta evaporação, através da sudação, dá-se a nível da pele e arrefece a sua superfície.

A sensação de conforto térmico depende do equilíbrio térmico entre a produção de energia pelo corpo somado dos ganhos de energia do meio e as perdas para o mesmo, com o objetivo de manter a temperatura interna do corpo em cerca de 37 ºC.

Fatores que influenciam a sensação de conforto térmico

A sensação de conforto térmico depende da conjugação e da influência de vários fatores.

Os principais são:
• Variáveis Individuais
- tipo de atividade;
- vestuário;
- aclimatação.

• Variáveis Ambientais
- temperatura do ar;
- humidade relativa do ar ou pressão parcial de vapor;
- temperatura média radiante das superfícies vizinhas;
- velocidade do ar.

Avaliação do ambiente térmico

Para avaliar as situações a que está submetido um trabalhador exposto a determinadas condições ambientais e de trabalho utilizam-se métodos ou critérios objetivos, que se determinam principalmente em função de:
• temperatura do ar;
• humidade do ar;
• calor radiante;
• velocidade do ar;
• metabolismo;
• vestuário.

No estudo do ambiente térmico há a considerar duas situações:
   • A sobrecarga térmica ou "stress" térmico que relaciona a exposição do corpo humano a ambientes de temperaturas extremas;

   • O conforto térmico que, não envolvendo temperaturas extremas, relaciona a temperatura, humidade e velocidade do ar existentes nos locais que, no seu conjunto, podem provocar desconforto.

Qualquer uma destas situações pode ser medida com base em técnicas especiais calculando-se índices que informam da qualidade ambiental do local de trabalho.

- indicador para avaliar a sobrecarga térmica é o índice WBGT1 - Norma ISO 7243 -1989.
- conforto térmico é medido através dos índices PMV2 e PPD3 - Norma ISO 7730 -1994.
            Qualquer um destes índices é calculado com base em medições de temperatura, humidade relativa, velocidade do ar, calor radiante e em dados sobre o vestuário dos trabalhadores presentes no local e na sua atividade.

Independentemente dos resultados de uma avaliação mais rigorosa podem tomar-se algumas medidas de carácter geral com a finalidade de se obterem condições ótimas de trabalho, nomeadamente:
• A regulação da temperatura e a renovação do ar devem ser feitas em função dos trabalhos executados e mantidas dentro de limites convenientes para evitar prejuízos à saúde dos trabalhadores. Nos termos da legislação em vigor sobre locais de trabalho, o caudal médio de ar fresco e puro deve ser de, pelo menos, 30m3 por hora e por trabalhador. Poderá ser aumentado até 50m3 sempre que as condições ambientais o exijam, por exemplo, em locais onde se efetuem soldaduras;
• Também segundo a legislação em vigor, a temperatura dos locais de trabalho deve, na medida do possível, oscilar entre 18 ºC e 22 ºC, salvo em determinadas condições climatéricas, em que poderá atingir os 25 ºC. A humidade da atmosfera de trabalho deverá oscilar entre 50% e 70%;
• Quando, por diversos condicionalismos, não for possível ou conveniente modificar as condições de temperatura e humidade, deverão ser adotadas medidas tendentes a proteger os trabalhadores contra temperaturas e humidades prejudiciais, através de medidas técnicas localizadas ou meios de proteção individual ou, ainda, pela redução da duração dos períodos de trabalho no local. Não devem ser adaptados sistemas de aquecimento que possam prejudicar a qualidade do ar ambiente;
• Nos locais de trabalho onde a temperatura é elevada, devem ser colocadas barreiras, fixas ou amovíveis, de preferência à prova de fogo, para proteger os trabalhadores contra radiações intensas de calor. Devem ainda ser fornecidos equipamentos de proteção individual, tais como luvas, aventais, fatos, etc. e deverá ser previsto o fornecimento de bebidas para evitar a desidratação;
• Pelo contrário, em locais de trabalho de baixa temperatura, deve ser fornecido aos trabalhadores vestuário de proteção adequado e bebidas quentes;
• Nas indústrias em que os trabalhadores estejam expostos a temperaturas extremamente altas ou baixas, devem existir câmaras de transição para que se possam arrefecer ou aquecer gradualmente até à temperatura ambiente;
• As tubagens de vapor e água quente ou qualquer outra fonte de calor devem ser isoladas, por forma a evitar radiações térmicas sobre os trabalhadores, ou perda de energia por parte destes fluidos em termos do processo produtivo;
• Os radiadores e tubagens de aquecimento central devem ser instalados de modo que os trabalhadores não sejam incomodados pela irradiação de calor ou circulação de ar quente. Deverá assegurar-se a proteção contra queimaduras ocasionadas por radiadores;
• Em relação à qualidade do ar devem existir na empresa sistemas de aspiração de fumos e/ou poeiras, sistemas de aspiração sobre os locais de utilização de produtos nocivos e deverá existir sempre uma renovação regular de ar das instalações;
• As correntes de ar devem ser sempre evitadas pelo que, na implementação dos postos de trabalho, deverá ter-se sempre em consideração esse facto;
• A manutenção dos equipamentos de aquecimento e/ou refrigeração deverá ser programada e efetuada em prazos que permitam um eficiente funcionamento dos mesmos.

Fonte:
·         MIGUEL, A.S. (2010), Manual de Higiene e Segurança do Trabalho, 11Ed. Porto Editora.
·         Diplomas legais e normativos nacionais e comunitários em vigor.
·         http://www.dryvit.pt/confortotermico.htm - Conforto Térmico.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Riscos Psicossociais


Durante todo o ano de 2012 a ACT (Autoridade para as Condições de Trabalho) realiza uma campanha europeia de inspeção para verificar questões psicossociais. O objetivo da campanha é dar especial atenção aos riscos psicossociais no trabalho através da inspeção. O objetivo das inspeções é alcançar uma melhor qualidade de avaliações de risco psicossocial e reunir com os trabalhadores e empregadores durante a visita de inspeção.
A campanha vai concentrar-se em primeiro lugar nos seguintes setores:
·         O setor da saúde, inclusive assistência social (privada e pública);
·         O setor de serviços, por exemplo, hotéis e restaurantes;
·         O setor dos transportes.

De acordo com a legislação da União Europeia, o empregador tem a responsabilidade por todos os aspetos da saúde e segurança no trabalho, incluindo questões psicossociais.
Nas últimas décadas, mudanças na nossa forma de trabalhar resultaram num aumento da quantidade de problemas psicossociais nos locais de trabalho europeus. O excesso de trabalho, o trabalho monótono, as expetativas difusas no desempenho do trabalho e o risco de violência são exemplos de riscos psicossociais, que resultam em consequências para a organização e para o individuo. As consequências para a organização são, por exemplo, perturbações na produção, problemas de cooperação, o aumento da rotatividade de pessoal e incidentes. Para o individuo, as consequências podem ser problemas psicológicos, stress, distúrbios de sono, entre outros.

Como medidas preventivas pode-se:
·         Alterar a gestão;
·         Distribuir equilibradamente as tarefas de trabalho;
·         Pedir a participação dos trabalhadores;
·         Desenvolver competências;
·         Informar;
·         Sugerir.

Segundo pesquisas anteriormente realizadas pela ACT demonstram que os setores selecionados para a campanha estão entre aqueles que apresentam maiores riscos psicossociais.
Segundo dados europeus de 2007 cerca de 8% dos trabalhadores portugueses afirmaram ter um ou vários problemas de saúde ligados ao trabalho, (média europeia estava em 8,7%) em que mais de 48% dos casos afetava a vida do dia-a-dia e cerca de 50% determinava uma situação de absentismo. Cerca de 19% declararam que esta afetação estava relacionada com aspetos da saúde mental e cerca de 50% com aspetos relativos à saúde física.
Mais de 40% dos trabalhadores dos transportes e comunicações de Portugal acredita que o stresse afeta negativamente a sua saúde e segurança. Cerca de 79% dos gestores europeus estão igualmente preocupados com o stresse do trabalho.

Ao empregador cabe:

·         Avaliar os riscos regularmente – os riscos psicossociais devem ser identificados e avaliados, poe exemplo, através de diálogos, entrevistas, observação, listas de verificação ou questionários.
·         Fazer um plano de ação – deve incluir as medidas a serem adotadas para eliminar ou controlar os riscos, quem é o responsável e quando?
·         Por fim, deve verificar se as medidas foram adotadas.

Durante a inspeção realizada pela ACT o inspetor irá fazer perguntas como, quais os riscos que foram considerados, de que forma fez a avaliação de risco (quem participou?) e quais as medidas adotadas, depois de tudo isto o inspetor pode exigir melhorias e pode fazer uma segunda inspeção para verificar se as medidas foram adotadas.
           
A nossa empresa elabora questionários de avaliação de riscos psicossociais e somos nós próprios que fazemos a avaliação e recomendamos as medidas, sendo estas dadas a conhecer aos empregadores e mais tarde verificadas em ato de vistoria. Este é um problema que, cada vez mais, afeta várias pessoas, por isso, é extremamente importante este tipo de inspeção por parte da ACT.

Fonte:

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Prevenção e Proteção contra incêndios

Os incêndios provocam anualmente nas empresas enormes prejuízos materiais e muitas vitimas, quer por queimaduras e ferimentos quer, sobretudo, por intoxicação.
            Mesmo que não haja acidentes pessoais provocados pelo incêndio, resulta a maior parte das vezes para os trabalhadores a privação do seu trabalho habitual, durante um período de tempo apreciável. É, pois, necessário assegurar medidas visando impedir que o fogo se declare ou, quando acontece, impedir a sua propagação.
            Por outro lado, é necessário providenciar todos os meios materiais e humanos suscetíveis de controlar rapidamente um incêndio.

            As estatísticas disponíveis revelam que as causas mais frequentes dos incêndios são:
·         As instalações elétricas;
·         A utilização de chamas nuas e superfícies quentes;
·         A presença inadequada de matérias inflamáveis (líquidos e gases);
·         Os aparelhos de aquecimento.

Recentemente, tem-se constatado uma tendência para um aumento da ocorrência de fogos de origem criminosa, quer em empresas que em grandes áreas florestais. O estudo das causas dos incêndios, bem como dos fenómenos associados à sua propagação, revela-se da maior importância para a sua prevenção e controlo. O elemento decisivo para a melhoria das condições de segurança contra incêndios estará na formação de quadros e responsáveis técnicos das empresas e na sensibilização e motivação de todos os seus trabalhadores.

Química do Incêndio

O incêndio é uma reação de combustão (oxidação - redução) fortemente exotérmica e que se desenvolve, geralmente, de uma forma descontrolada, quer no tempo quer no espaço. Para além da emissão de calor verifica-se, num incêndio, a emissão de fumo e/ou chamas e gases de combustão.

Tradicionalmente, consideram-se três fatores como indispensáveis para a eclosão de um fogo:

a) combustível (substância redutora, que vai arder);
b) comburente (normalmente o ar, que contém cerca de 21% de oxigénio em volume);
c) energia de ativação (energia mínima necessária para se iniciar a reação, que é fornecida pela fonte de inflamação).

Estes três fatores constituem o que se costuma designar por triângulo do fogo.



As técnicas de extinção do fogo baseiam-se no conhecimento do triângulo do fogo e consistem na eliminação de um ou mais daqueles três fatores:

·         afastando-se o combustível do alcance do fogo ou dividindo-o em focos de incêndio mais pequenos e facilmente extinguíveis;
·         suprindo ou limitando o oxigénio, o que pode ser feito circunscrevendo o fogo a um espaço, impedindo, assim, o acesso de oxigénio (asfixia); ou cobrindo os focos com substâncias incombustíveis que impeçam o seu contacto com o ar, como, por exemplo: areia, espuma, etc. (abafamento);
·         limitando a temperatura, lançando água sobre o fogo, em jacto ou pulverizada, ou outras substâncias que absorvam o calor desenvolvido.

Modernamente admite-se um quarto fator, que é a reação em cadeia, obtendo-se, assim, o chamado tetraedro do fogo.


Com efeito, recentes investigações acerca da cinética química da combustão indicam que a união do oxigénio com o combustível não é direta, ocorrendo através de uma série de passos em que as reações se dão entre o oxigénio e os radicais livres emitidos pelo combustível aquecido ao ponto de inflamação. Estas reações de radicais livres dão lugar, também, às chamas visíveis e evolução do calor. O desenvolvimento da reação em cadeia está associado à formação de radicais livres. Certas técnicas de extinção, como, por exemplo, o uso de hidrocarbonetos halogenados e de certos pós químicos secos, baseiam-se na remoção daqueles radicais livres, impedindo, assim, a propagação das chamas.

Classes de Fogos

A norma portuguesa NP EN 2: 1993 classifica os fogos segundo o tipo de combustível, permitindo rapidamente prescrever o agente extintor a aplicar. Esta norma considera as seguintes classes de fogos:


Os fogos em materiais à base de celulose, tais como a madeira, tecidos, papel, forragens (cuja combustão pode ser viva ou lenta), são fogos da classe A.
A água é o agente extintor que se revela mais eficaz, sendo, também, o mais económico para este tipo de fogos.
A classe B engloba os fogos em hidrocarbonetos sólidos (ex: alcatrão) ou líquidos (gasolina, óleos, álcoois, etc.), para os quais a água em jacto é contra-indicada. Neste caso, podem ser utilizados o pó seco, a espuma, o dióxido de carbono e ainda os hidrocarbonetos halogenados.
A classe C engloba os fogos de gases. São exemplos desta classe os fogos de butano, propano, acetileno, hidrogénio, etc., sendo os produtos aplicáveis: pó, neve carbónica, hidrocarbonetos halogenados.
A classe D envolve as reações de combustão de, por exemplo, metais alcalinos e alcalino-terrosos. Como produtos de extinção temos os pós especiais anteriormente referidos.

Verifica-se que, segundo esta classificação, não nos aparece qualquer classe dita de fogos elétricos (anteriormente considerada pela normalização de alguns países). Com efeito, a eletricidade pode dar origem a qualquer tipo de fogo, segundo a natureza do combustível. Surge, antes, como uma complicação suplementar, devida, sobretudo, ao eventual risco de eletrocussão.
Assim, um produto extintor será caracterizado não só pelo tipo de fogo que se destina a combater mas, também, pela possibilidade de ser ou não utilizado em instalações elétricas em tensão. Por exemplo, a água em jacto, tal como a espuma, não poderá ser utilizada em instalações elétricas em tensão. Nesses casos poderemos usar extintores de dióxido de carbono e de hidrocarbonetos halogenados (Halon 1211, Halon 1301).

Em instalações elétricas de baixa tensão é permitida a utilização de água pulverizada.

Reflexão

No decorrer das vistorias realizadas os problemas encontrados relacionados com esta temática tem essencialmente a ver com os extintores, ou seja, muitas das vezes nas vistorias que realizamos encontramos extintores fora do prazo de validade mas os problemas mais regulares são a localização incorreta dos extintores, por exemplo, junto ao quadro elétrico, uma vez que, falamos de circuitos elétricos deve estar situado um extintor de dióxido de carbono mas o que encontramos com mais frequência são extintores de pó químico que, como sabemos, em caso de incêndio com origem no circuito elétrico o extintor de pó não apaga o fogo e é ai que pode começar um grande incêndio. A troca do extintor é sempre recomendada no relatório e é explicado à entidade empregadora o perigo a que todos os trabalhadores estão expostos. Esta é uma medida simples de ser tomada e que pode proteger o alastramento de um incêndio. Cada tipo de extintor é adequado a uma determinada classe de fogo, por isso, se existir o extintor adequado ao material que se encontra no local a prevenção e proteção de um incêndio é muito mais eficaz.

Fonte:
·         MIGUEL, A.S. (2010), Manual de Higiene e Segurança do Trabalho, 11Ed. Porto Editora.
·         Diplomas legais e normativos nacionais e comunitários em vigor.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Colheita de alimentos para análise

A Norma Portuguesa 1828 estabelece algumas técnicas de colheita para análises microbiológicas, sendo que, os recipientes com material esterilizado, quando enviados para fora do laboratório devem:
·         Ser protegidos das poeiras ou de outras conspurcações pelo meio ambiente.
·         Ter a data de esterilização e ser devolvidos ao laboratório, no máximo, oito dias após aquela data, quando não utilizados.

Os recipientes para conter amostras devem ser de material apropriado impermeável à água e às gorduras, tais como, vidro, metal inox ou material plástico apropriado, suscetível de ser esterilizado. No caso de géneros alimentícios sólidos ou pastosos os recipientes devem, ainda, ter abertura larga. A capacidade e forma dos recipientes devem ter em conta a natureza da amostra a colher. O fecho do recipiente deve ser assegurado de tal modo que a rolha ou tampa seja, também, esterilizável e garanta a sua estanquidade. Podem ser utilizados, quando estéreis, recipientes de material plástico apropriado, fechados por termocolagem imediatamente após a colheita.

Ø  A colheita deve ser realizada com os indispensáveis cuidados de assepsia, mas também de modo a representar devidamente as características microbiológicas do alimento a analisar.
Ø  O ambiente deve ser limpo, calmo, sem correntes de ar, sem humidade e sem cheiros que se possam transmitir ao alimento e, tanto quanto possível, à temperatura da sua conservação.
Ø  A roupa dos intervenientes deve estar limpa e as mãos desinfetadas.
Ø  As zonas dos utensílios utilizados para a colheita das amostras não devem contactar senão o próprio alimento ou as superfícies esterilizadas dos respetivos contentores, não devendo, nunca, ser colocadas sobre mesas, bancadas ou embalagens dos próprios géneros alimentícios. 
Ø  As mãos não devem tocar na amostra a analisar, nem as zonas dos utensílios que os irão contactar.
Ø  O recipiente onde se encontra o género alimentício deve ser aberto o menos possível, com os maiores cuidados de assepsia, desinfetando previamente a zona da abertura e de modo a não tocar o género alimentício. Os utensílios utilizados devem estar esterilizados e não devem servir para a colheita de outra amostra sem nova esterilização.
Ø  Quando o alimento é pastoso, e portanto, de difícil mistura, dever-se-ão colher porções em pontos diversos, afastados e a diferentes profundidades.
Ø  Na colheita de amostras de alimentos sólidos há que saber se a parte externa que pode estar ou não contaminada, deve ou não fazer parte da amostra. No segundo caso deve ser retirada a camada superficial usando material esterilizado o qual só poderá ser utilizado na colheita da amostra após nova esterilização.
Ø  Dada a impossibilidade de homogeneizar os alimentos sólidos, a amostra deve ser constituída por porções colhidas em diferentes locais, nas zonas superficiais, médias e profundas.

Procedimento de colheita

Ø  Escolhe-se o prato para colheita, tendo em consideração a confeção e/ou os ingredientes utilizados que possam traduzir um maior riscos para a saúde pública.
Ø  O prato é confecionado como se fosse para ser servido e com o auxílio dos talheres que o utente iria utilizar, o alimento é deslocado do prato para o recipiente de colheita previamente esterilizado.
Ø  Retira-se o ar do recipiente de colheita de modo a evitar que a flora bacteriana existente tenha oxigénio suficiente para se desenvolver.
Ø  Deslocam-se os dedos, horizontalmente, pela zona de fecho de arame do recipiente para que este fique bem fechado, e em seguida enrola-se a parte superior deste e dobram-se as extremidades.
Ø  Coloca-se o recipiente de colheita dentro da mala térmica.

Figura 1 - Saco de colheita de alimentos

Esfregaço

Ø  Escolhe-se a loiça/superfície que se pretende analisar.
Ø  Mergulha-se a zaragatoa no meio de cultura - água peptonada (que além de facilitar a aderência dos microrganismos à superfície da zaragatoa, também funciona como meio propício ao desenvolvimento de microrganismos por ser húmido).
Ø Passa-se a zaragatoa pela superfície que se deseja analisar (nas zonas mais suscetíveis de se manifestarem como fonte de contaminação).
Ø  Coloca-se a zaragatoa no tubo de ensaio esterilizado.
Ø  Coloca-se o tubo de ensaio em mala térmica.

Figura 2 - Zaragatoa

Em cada um destes casos (prato e esfregaço) efetua-se o preenchimento de uma ficha de identificação onde deve constar:

·         Identificação da Colheita (número da amostra/data/hora/local de colheita)
·         Identificação do Estabelecimento (nome / morada / freguesia / concelho / telefone / fax / estabelecimento).

Conservação e transporte

A amostra dos géneros alimentícios recolhida deve ser conservada de forma a evitar o desenvolvimento ou a destruição dos microrganismos antes da análise. Para isso, deve ser transportada:

Ø  Em mala térmica, entre 0 e 4º C; e
Ø  na ausência de luz.

O seu transporte até ao Laboratório deverá ser feito num prazo máximo de 6 horas. E deverá ser examinada em Laboratório antes de terem passado 24 horas (Norma Portuguesa 1828).Quando se trate de amostras de alimentos desidratados ou de conserva, a refrigeração não é necessária.

Reflexão

As colheitas de géneros alimentícios são de vital importância em termos de saúde pública, pois permite efetuar uma Vigilância da Higiene e Qualidade Alimentar.
A Vigilância da Higiene e Qualidade Alimentar efetuada corretamente permite, muitas vezes, prevenir surtos de toxinfeções alimentares, que de outro modo proliferariam sem qualquer impedimento.
Na última auditoria de higiene e segurança alimentar a um estabelecimento de educação, pude ver como se realizava a colheita de alimentos e o esfregaço, foram realizados todos os procedimentos anteriormente referidos, desde a colheita, o esfregaço e o transporte. Este tipo de procedimento é utilizado sempre que se faz uma auditoria nesta área.

Fonte:
·        Comissão técnica portuguesa de normalização de “microbiologia alimentar”. Norma Portuguesa 1828 . (1982) Microbiologia Alimentar - Colheita de Amostras para Análise Microbiológica.
·        Comissão técnica portuguesa de normalização de “microbiologia alimentar”. Norma Portuguesa 916 . (1972) Microbiologia Alimentar - Colheita de Amostras - Terminologia.